Fazer previsões para o futuro é coisa de Mayas e de “oráculos de Bellini”? Sim e não. Como se prevê o futuro? O truque é simples: saber bastante de História Mundial e do comportamento Humano, ter em conta as novas tendências e problemas do presente e, através deles, “fazer contas à vida”. No fundo, adivinhar o futuro para os próximos 10 anos não é assim tão difícil como se pensa: basta imaginarmos o mundo como um tabuleiro de xadrez, e cada jogada levará inevitavelmente a uma consequência mais ou menos previsível. Mas uma coisa é fazermos previsões para os próximos 10 anos. Outra é imaginarmos o que acontecerá no espaço de um século. Ficção Científica? Nem por isso: Alvin Toffler tem sido um dos mais brilhantes analistas do futuro e, através da observação da sociedade do tempo presente, tem acertado em imensos prognósticos.
Ora, é precisamente isto que George Friedman ( na foto), um dos mais brilhantes analistas geopolíticos, decidiu fazer: o livro Os Próximos 100 anos, Uma Previsão Para O Século XXI apresenta-nos situações que podem, de facto, acontecer. E uma delas já é notória: a queda da natalidade em todos os pontos do planeta. Este analista tem a certeza absoluta de que, a partir da década de 30 deste século, muitos países competirão não para se verem livres de imigrantres mas para os atrair para as suas nações. A baixa natalidade irá ser um problema grave no futuro e quem ganhará esta “guerra” serão os Estados Unidos da América, por serem profundamente ricos e por estarem habituados a lidar, desde o início da sua História, com massas gigantescas de imigrantes vindos dos quatro cantos do planeta. A Suíça, a França ou o Japão não têm quaisquer hipóteses de vencer esta batalha. Outras previsões parecem-nos estranhas, mas tendo em conta os cálculos matemáticos de George Friedman, podem ser prováveis: o fim do poder do Al-Quaeda já é uma certeza absoluta (a partir do momento em que se viraram contra os próprios muçulmanos, ditaram o seu fim) e a próxima ameaça, na próxima década, virá... da Rússia. Se isto for verdade, as nações de periferia ou nações já poderosas poderão vir a fortalecer-se bastante, graças à ajuda dos Estados Unidos da América. É o caso da Turquia, do Japão, da Polónia (Polónia?????). E assim que a Rússia for “subjugada”, o próximo problema será... A Turquia, o Japão, a Polónia... Como afirma George Friedman, um problema resolvido nada mais é do que o começo de outro problema para resolver.
A probabilidade de uma guerra mundial é uma perspectiva quase certa (mas esta será mais cirúrgica e menos mortífera, devido às novas tecnologias). Esta guerra, por sua vez, irá criar grandes avanços na tecnologia que, por sua vez, irá mudar a sociedade como a imaginamos. E assim por diante até ao ano 2080, em que o México será um problema sério para os Estados Unidos da América. Ficção Científica? Leiam o livro.
Dois grandes erros de palmatória: África é um continente que não existe nestes prognósticos. Fala-se do Egipto por causa do mundo Islâmico e ponto final. E há quem diga que este continente, na segunda metade do século XXI, desempenherá um papel importante no mapa geopolítico, precisamente porque a falta de matérias-primas no planeta desencadeará uma “corrida a África”. É bem possível que, no meio desta confusão toda, um ou dois países sejam espertos o suficiente para tirarem proveito deste súbito interesse dos países ricos. Angola, riquíssima em matérias-primas e cansada da guerra, poderá tornar-se numa potência regional a temer. O segundo erro é não ter em conta as mudanças climáticas (o próprio George Friedman assume-o no epílogo e explica por que motivo não se preocupou com este factor). O imenso exército de milhões “sem-terra”, vítimas das castástrofes climáticas, poderão ser uma mais-valia para países envelhecidos e sequiosos de sangue novo. Não será assim tão difícil convencê-los a arrumar “as trouxas” para uma terra estrangeira: a fome torna-nos aventureiros e corajosos...
Todas estas previsões valem o que valem: basta um génio doido aparecer do nada, para a História Mundial sofrer uma violenta reviravolta. Que o digam Napoleão Bonaparte e Carlos Magno. Mas é sem dúvida fascinante ler este livro.
Uma coisa é certa: a partir de agora, vou estar ainda mais atenta ao “Jornal das Oito”.
Para aguçar o apetite: Os Próximos 100 anos, de George Friedman
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