terça-feira, dezembro 01, 2009

Livro Da Semana

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

Há livros que nos incomodam, há livros que nos deslumbram, clip_image002há livros que nos fazem voar para outros mundos, há livros que são verdadeiros “murros no estômago”, há livros que denunciam a injustiça e o crime, há livros que nos ensinam coisas como as estrelas, a vida nos mares, as civilizações perdidas… E há livros que falam das coisas simples e maravilhosas da vida. Como a família, por exemplo. Ora, a família e a educação das mulheres são os temas centrais do nosso livro da semana.

Cem anos depois, por que motivo o romance Mulherzinhas ainda é hoje tão fascinante e tão familiar? Afinal, estamos a falar de um mundo que, para os americanos e os europeus, já (quase que) não existe. As mulheres já não são criadas apenas “para arranjarem marido” e para serem apenas mães. Além disso, esta obra literária aborda, como pano de fundo, a Guerra Civil Americana. Vivemos, actualmente, numa sociedade onde as mulheres e os homens (pelo menos aos olhos da lei) têm direitos iguais, oportunidades iguais, frequentam a mesma escola e as mesmas faculdades, lêem os mesmos livros, vêm os mesmos filmes, etc.

Porém, no tempo de Louisa May Alcott, nada era assim: embora já existisse uma corrente pré-feminista, que defendia que a Mulher nem só na esfera do lar se poderia afirmar, a sociedade ainda não estava preparada para aceitar estas “modernices”. Com efeito, na ausência do pai, que se encontra a combater (embora com o acordo deste), a mãe March tenta superar as suas dificuldades económicas e oferecer às suas filhas uma educação mais moderna e mais “feminista” (o Feminismo é uma ideologia do século XX, que se implementou após a Segunda Guerra Mundial. Defende a igualdade de direitos, até na vida profissional. No século XIX, tal ideologia ainda não existia). É por isso que uma das “mulherzinhas”, Amy, embora tenha muito talento como pintora, não é levada a sério nos meios artísticos. Sendo mulher, devia dedicar-se à casa, e a pintura não devia ser mais do que um simples “passatempo”. Por sua vez, Jo (personagem principal e Narradora), bate a todas as portas dos jornais e todos os donos dos mesmos afirmam que o público não está interessado em “histórias de fadas”. Como afirma Isabel Salema, “Mulherzinhas” é o retrato do dia-a-dia das quatro irmãs, que hoje pode parecer conservador e moralista, mas que na época não era tanto assim. As irmãs discutem boas maneiras, mas também se devem ou não trabalhar e ganhar a sua independência — as duas mais velhas trabalham para ajudar as finanças da casa. A família também discorda dos castigos corporais que Amy recebe na escola e a mais nova das irmãs nunca mais lá volta.

Mulherzinhas não é, nem por sombras, uma obra “datada” e “inofensiva”. Parece, à primeira vista, uma simples história de quatro “moçoilas” à procura da felicidade. Porém, um olhar mais atento permitir-nos-á perceber que a autora deste romance (e também a personagem principal) já possui uma mentalidade que, para a época, era considerada bastante moderna. Esta obra literária não é apenas um belo romance, é também um importantíssimo documento histórico de uma América que não permitia nada ao Sexo Feminino, nem sequer o direito de votar.

1 comentário:

Tinkerbell disse...

é um dos meus filmes preferidos! adoro-o é mt especial!

bjs**