Ao contrário do que muita gente pensa, criar um filme de terror não é nada fácil. Que o digam os donos de Hollywood que, ultimamente, têm-se visto gregos para encontrar uma longa-metragem que seja suficientemente assustadora. É que estas novas gerações já viram tudo o que tinham a ver e não são assim tão facilmente impressionáveis. Como se não bastasse tudo isto, os produtores e criadores de cinema estão a passar por (mais) uma crise de inspiração, chegando ao ponto de “roubarem” ideias de outros cineastas de terror, sobretudo se estes forem da Ásia, onde a arte de criar medo é uma verdadeira arte.
Com efeito, os americanos ainda não entenderam que o verdadeiro terror não se mostra, sente-se. E, por isso mesmo, O Projecto Blair Witch é, ainda hoje, considerado uma das longas-metragens mais assustadoras que foram imaginadas. Para quem viu esta história, sabe muito do que estamos a falar: espaços escuros e fechados, sons terríveis vindos do nada, uma câmara enlouquecida…
Ora, Oran Peli, o realizador de Paranormal Activity, deve ter aprendido as liçõezinhas todas que Blair Witch deixou ao mundo. Para se criar uma história que nos crie pesadelos não precisamos de orçamentos milionários e de grandes efeitos especiais. Tudo do que precisamos é de uma atmosfera credível, familiar, capaz de nos fazer pensar “isto poderia acontecer a mim”. De preferência que jogue com as sombras e o medo terrível do escuro que o Ser Humano sempre sentiu e sempre sentirá. De preferência que perturbe os espectadores com uma “banda sonora” de sons arrepiantes, vozes de fundo abafadas, ruídos que parecem vir do mais fundo do sótão de todos os sótãos. E nunca, nunca mostrar “a coisa” ou a”força” aos espectadores. Afinal, os antigos Gregos tinham toda a razão: o verdadeiro medo é aquele que nós imaginamos, é aquele que nós não vemos.
Este filme tem uma história engraçada: trata-se de um filme “caseiro”, ou seja, com actores anónimos (a personagem feminina é namorada do realizador), baixíssimo orçamento, câmaras steadycam, montagem caseira, e as gravações tendem a ser feitas na casa de um amigo ou familiar. Não há gigantesco marketing, nem gigantescas promoções, nem nada. Custou a ridícula quantia de 11.000 dólares e os fãs foram crescendo devagarinho (a publicidade foi mais do tipo “passa a palavra”). Até que, finalmente a distribuidora de filmes Paramount reparou nele…
Não sendo uma obra-prima (os actores são péssimos!), esta obra de terror é, no entanto, bastante eficaz. É capaz de não criar história mas pode, durante uns tempos, criar escola.
Vê aqui o Trailer legendado
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