O Primeiro 11 de Setembro
Estávamos no ano de 1911. Enquanto o gigantesco Titanic estava a ser construído na Irlanda, para futuro (e fatal!) entretenimento dos ricos, as classes pobres trabalhavam em condições sub-humanas, amontoadas em armazéns e edifícios de pedra, lixo, ratos e paredes a cair aos bocados, espaços estes conhecidos pelo nome requintado de “fábricas” ou “Companhias”.
Um dos grupos mais discriminados de todos era, como não podia deixar de ser, o das mulheres. Particularmente o das mulheres imigrantes. Trabalhando duas vezes mais do que os homens e ganhando duas vezes menos do que eles, ainda por cima eram fechadas à chave nas fábricas, não fossem cometer o horrível pecado de saírem cinco minutos para irem à casa de banho ou roubarem algum material dos patrões. A “cela” destas infelizes residia no nono andar.
Mas nem pensem que as vítimas eram só as mulheres: nestas “fábricas” também trabalhavam muitos homens, quase todos ligados às manutenções das máquinas.
Quando no dia 25 de Março a firma Triangle Shirtwaist Company, uma firma de têxteis, sofreu um violento incêndio, o destino destes pobres escravos estava selado: em apenas meia hora, 146 morreram carbonizados, asfixiados ou morreram por se atirarem das janelas do edifício. Quase todos eles eram do sexo feminino… As tais mulheres, que estavam trancadas no nono andar, e que só se aperceberam das chamas quando já era tarde demais.
De início, os vizinhos, ao verem vultos que se pareciam com peças de roupa “a voarem” do edifício, pensaram que os donos da firma estavam a atirar os seus produtos de melhor qualidade pelas janelas, de forma a minimizarem os danos financeiros. Porém, depressa compreenderam que não se tratava de roupas: eram mulheres e homens que saltavam das janelas, tentando fugir do fogo, e vários despediram-se uns dos outros com um beijo. Uma vez já livres de perigo, esperaram ansiosamente que os restantes familiares ou amigos conseguissem livrar-se da morte.
Segundo rezam os jornais da época, a multidão estava em estado de choque: as mulheres estavam histéricas, várias desmaiavam e os homens choravam enquanto, frenéticos, gritavam contra a fila de polícias. Foram imensas as testemunhas que assistiram apavoradas a mulheres que, do altíssimo nono andar, olhavam para baixo e atiravam-se, transformando-se em segundos numa poça de sangue. Sem cerimónias, as vítimas eram enfiadas em caixões à frente de toda a gente (ver segunda foto).
O espectáculo foi tão terrível e causou um impacto tão profundo na cidade de Nova Iorque, que depressa o Congresso Americano aprovou uma série de medidas de segurança no local de trabalho. Uma delas, entre muitas, ficou para a História: em todos os edifícios deve haver sempre uma porta de emergência e esta nunca deve estar fechada. Foi graças a estas leis eficazes que a mortalidade dos trabalhadores desceu em Nova Iorque.
Esta cidade só voltaria a assistir a um espectáculo tão assustador no dia 11 de Setembro de 2001.
Se quiseres saber mais deste trágico episódio da História, clica no seguinte link:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inc%C3%AAndio_na_f%C3%A1brica_da_Triangle_Shirtwaist
Imagens Retiradas de:
http://digitaljournalist.org/issue0309/lm24.html
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Triangle_Shirtwaist_coffins.jpg
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