sábado, abril 18, 2009

A VOL Recomenda

O 25 de Abril e o Dia Mundial do Trabalhador estão à porta. Por isso, desta vez, vamos abalar as consciências…

O Império do Mal, de Steven A. Grasse clip_image002

Há que admitir a verdade: a Inglaterra é aquilo que os americanos chamam um Case Study, ou seja, um assunto único, digno de ser estudado e analisado com muita paciência. Porquê? Porque ninguém se lembra das atrocidades e injustiças que os ingleses cometeram, ao longo de séculos de poder.

Vejamos, então: toda a gente se lembra dos genocídios que os espanhóis fizeram com os índios da América Latina; toda a gente se lembra dos danos que os americanos causaram aos índios americanos, a escravatura, a Klux Klux Klan, a guerra do Vietname, entre outros tristes episódios; toda a gente sabe que o Império Romano foi brilhante e grandioso, mas este foi construído à base de um exército poderoso que pilhava, violava, espancava, matava e impunha a sua lei à força; toda a gente se lembra da santa Igreja Católica, das cruzadas sangrentas e muito pouco cristãs, da sua tenebrosa Inquisição e das suas intermináveis perseguições aos judeus, muçulmanos, mulheres e todos aqueles que se revelavam contra o seu poder; toda a gente se lembra dos alemães e dos campos de concentração nazis. Podíamos continuar com a nossa interminável e sangrenta lista de atrocidades humanas. No entanto, um país é sempre esquecido: a Inglaterra. E, no entanto, foi uma das nações que mais injustiças e banhos de sangue criou! Bom, pelo menos é assim que Steven A. Grasse afirma…

O subtítulo é bastante sugestivo: 101 maneiras de como a Inglaterra deu cabo do mundo. E, segundo ele,

Eles detestam a liberdade
Eles escravizaram o mundo para terem o seu chazinho
Eles inventaram o trabalho infantil
Eles caçam animais espertos com animais burros, por desporto
Eles deram-nos o primeiro assassino em série moderno.

A última “gracinha” dos ingleses foi a guerra entre palestinianos e israelitas: por terem oferecido aos judeus terrenos impraticáveis para a agricultura e quase sem água, tal “presentinho” fez com que os israelitas se vissem forçados a invadir terras palestinianas, para garantirem a sua sobrevivência. Tal caridade tão cristã desencadeou uma das guerras mais sangrentas, cujo fim está bem longe de ser vislumbrado. E enquanto os judeus e os muçulmanos atiram as culpas uns aos outros, ninguém se lembra que foram os ingleses que começaram esta confusão toda!

Como afirma a contra-capa deste livro, Quanto mais se analisa a história inglesa, mais se percebe que eles não estão em posição de apontar aos outros o que quer que seja. Uma ultrajante acusação que fará certamente correr rios de tinta, dos dois lados do Atlântico.

Deliciosamente controverso (a editora Guerra e Paz é conhecida por ser muito pouco “politicamente correcta”), vale a pena ler este”manifesto Anti-Inglaterra” com muita atenção.

Aristides de Sousa Mendes, Um Justo Contra a Corrente, de Miriam Assor

Um Povo sem memória é um povo clip_image004sem alma. Assim afirma a jornalista e investigadora Miriam Assor, a propósito dos portugueses. E tem toda a razão: como é possível que a nossa nação não se orgulhe de um dos maiores heróis da História da Humanidade?!

A vida de Aristides Sousa Mendes é um exemplo de coragem que merece ser analisado, debatido e imitado no nosso país. Damos demasiado valor a futebolistas, apresentadores de concursos, Cinhas Jardins e companhia, mas desprezamos completamente o valor de um homem, que literalmente sacrificou a sua vida e da família para salvar mais de 30.000 seres humanos, durante a Segunda Guerra Mundial, contra as ordens expressas de Salazar. Pagou muito caro pelo seu erro: homem riquíssimo e muito generoso para com os pobres, morreu na absoluta miséria, e só não morreu à fome porque a comunidade judaica em Portugal deu-lhe livre acesso às suas cantinas.

Salazar não perdoava quem se atrevia a desobedecer-lhe, por mais razão que essa pessoa tivesse. O nosso ditador foi elogiado por imensos governos estrangeiros, pois todos estavam convencidos de que Aristides tinha agido segundo as suas ordens. Porém, a verdade era muito mais sinistra: Salazar perseguiu este pobre homem até à sua morte, impedindo-o de arranjar trabalho, de se defender num tribunal, de ter direito à honra. Os próprios filhos tiveram que se exilar, visto que a “família Mendes” passou a ser sinónimo de “traição à Pátria”. A maldade de Salazar era tão grande, que se deu à crueldade perversa de enviar um telegrama à viúva do cônsul, aquando do seu falecimento: As minhas condolências.

Hoje, a casa de Aristides Sousa Mendes está à beira da ruína. Fosse Portugal uma região espanhola, e esta grande mansão já estaria restaurada e seria hoje um museu para todos testemunharem a coragem de um grande homem.

Infelizmente, Aristides Sousa Mendes era português…

S.C.

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