terça-feira, abril 28, 2009

Hoje é o Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho!

E, por falar nisso, aqui vai um elogio a todos os operários e trabalhadores deste mundo:

Chico Buarque – Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se clip_image002[4]fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou para descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a únicaclip_image002[6]
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou para descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
clip_image004[4]Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou para descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão para comer, por esse chão para dormir
A certidão para nascer e a concessão para sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira para nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,

Deus lhe pague.

Fotos de Sebastião Salgado

1 comentário:

Margcont disse...

Concordo plenamente com a expressão, a propósito do 25 de Abril de 74, "Esperemos que este presente dos avós não acabe extraviado e perdido no sótão da indiferença ou da apatia."
Fui crescendo e maturando a minha individualidade enquanto cidadã no e com o 25 de Abril. É bom saber que há outros alguéns que o lembram e o celebram! Será desperdício esquecer os seus fundamentos!
Para mim será sempre (e espero transmitir esse sentimento aos meus alunos):
VIVA O 25 de ABRIL E A LIBERDADE!