sexta-feira, fevereiro 26, 2010

PNL - Semana Da Leitura

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Frase Do Dia

Onde hoje se queimam livros, amanhã queimar-se-ão pessoas.

 

Heinrich Heine, poeta romântico alemão do século XIX

 

Booktrailer

Jerusalém, de Mia Couto

 

Parágrafos De Um Livro Memorável

As Memórias Do Livro, de Geraldine Brooks- A história incrível de um manuscrito real

-(...) Shalom, Channa – disse ele no seu forte sotaque sabra (judeu nascido em Israel), acrescentando um gutural ch ao meu nome, como habitualmente – Acordei-a?

clip_image004-Não, Amitai – retorqui. - Estou sempre acordada às duas da manhã; é a melhor parte do dia.

-Ah, bom, desculpe, mas julgo que gostará de saber que a Hagadá de Serajevo[1] apareceu.

-Não! - exclamei, subitamente acordada. - Que, hum, excelente notícia.

E era mesmo, mas uma notícia que eu poderia ter lido num e-mail, a uma hora decente. Não descortinava a razão pela qual Amitai achara necessário ligar-me.

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[1] Texto utilizado para os serviços da noite de Páscoa judaica e que contém a leitura da história da libertação do povo de Israel do Egipto conforme é descrita no livro do Êxodo. (N.do T.)

 A Hagadá de Serajevo, criada na Espanha medieval, era uma raridade famosa, um manuscrito hebraico ricamente iluminado, feito numa época em que a fé judaica se opunha veemente a qualquer tipo de ilustração. Acreditava-se que o mandamento do Êxodo “Não farás para ti qualquer imagem esculpida...” tinha suprimido a arte figurativa dos judeus medievais. Quando o livro apareceu em clip_image006Serajevo em 1894, as suas folhas com miniaturas de página inteira desafiaram essa ideia e fizeram com que a história da arte fosse reescrita.

Quando Serajevo começou a ser sitiada em 1992, e os museus e bibliotecas se tornaram alvos de luta, o códice desapareceu. Segundo alguns rumores, o Governo muçulmano da Bósnia tê-lo-ia vendido para comprar armas. Não, agentes da Mossad tinham-no retirado do país através de um túnel situado sob o aeroporto de Serajevo. Nunca acreditei em nenhum dos cenários. Julgava que o magnífico livro tinha feito parte da chuva de páginas queimadas – escrituras, terras otomanas, alcorões antigos e pergaminhos eslavos – que caíra sobre a cidade depois do fogo provocados pelas bombas de fósforo.

-(…) E sabe quem o salvou? Foi Ozren Karaman, o director da biblioteca do museu. Guardou-o a sete chaves. - A voz de Amitai pareceu, de repente, um pouco rouca. - Dá para acreditar, Channa? Um muçulmano a arriscar o pescoço para salvar um livro judaico.

Booktrailer do Livro (legendado)

Mas afinal, por que motivo este manuscrito é tão importante e tão único? Descobre mais aqui: http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=202&p=0

A estranha ilustração do banquete, contida na Hagadá de Sarajevo (estranha porque existe uma convidada negra, abastada e tratada pelo grupo como uma “igual entre iguais”, algo que não se vê na época medieval) foi retirada deste link: http://www.greenchairpress.com/blog/wp-content/uploads/2008/03/people_of_the_book.jpg


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