Erva-Do-Diabo, de Teresa Moure
Escreve assim Francisco Clamote no seu lindíssimo e apetitoso blog O Botânico Aprendiz na Terra dos Espantos (http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.com/): A Erva-Do-Diabo(Datura stramoniumL.) é também designada pelos nomes comuns de Castanheiro-do-diabo, Erva-dos-bruxos, Erva-dos-mágicos, Estramónio, Figueira-brava, Figueira-do-inferno e Pomo-espinhoso. É originária da Amércia do Norte, mas quanto à sua distribuição, é considerada actualmente como espécie cosmopolita. É tóxica.
De facto, a Erva-Do-Diabo é uma planta maldita: é capaz de dar cabo do melhor jardim, é um excelente veneno e há quem diga ainda que, em doses curtas, pode criar óptimas alucinações. Originária do continente americano, os índios usavam-na para comunicarem com os grandes espíritos e os seus antepassados. Porém, também é excelente para combater dores persistentes e é um milagre para as dores de cabeça. Levada para a Europa pela mão de amadores de Botânica, depressa passou a ser usada nas nossas farmácias. Ainda hoje, os laboratórios mais sofisticados a usam, mas todos os remédios à base destas plantas só podem ser comprados por receita médica, tal é o poder desta pequena maravilha da natureza.
Ora, basta lermos esta introdução para chegarmos logo à conclusão de que o nosso livro da semana está relacionado com a palavra "perigo". Mas... Que perigo? Se nós dissermos que este livro tem como uma das personagens o filósofo francês Descartes, já ficamos um bocado confusos: afinal, Descartes falava do poder do raciocínio sobre os sentimentos que habitam no ser humano. A Razão é a raíz da nossa personalidade. "Penso, logo existo" é uma frase que ficou para a História da Humanidade e, pelo menos uma vez na vida, iremos citá-la. Mas Descartes tinha um medo terrível de amar e de revelar os seus sentimentos. Por isso mesmo, amou sem saber amar a sua querida holandesa Hélène Jans. E é já no fim da sua vida que este grande filósofo confia à rainha Catarina da Suécia um pequeno testamento: uma carta de amor lindíssima, dirigida a Hélène, e é finalmente nesta que ele revela o que sempre existiu na sua alma: um amor sincero. A partir desta missiva, rainha e amada tornam-se amigas. Mas é uma terceira mulher, Inês Andrade, que irá reconstituir, através de cartas, poemas e desabafos encontrados, este bonito romance entre um filósofo que tinha medo do corpo e uma "feiticeira" que amava as ervas aromáticas e medicinais.
Teresa Moure escreve com paixão e sentimento. Escreve uma história de três mulheres que giram, fascinadas, à volta de um homem que tem medo do "belo sexo" e que é quase incapaz de o compreender. Há que controlar as mulheres, domá-las, cortar-hes a raíz, não vão elas destruir o jardim do pensamento. Elas estão para além da razão, para além do raciocínio. São perigosas, instáveis, trazem o caos.
1 comentário:
tenho-o cá em casa :D
bjocas*
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