segunda-feira, março 16, 2009

O Livro Da Semana

 

O Afinador de Pianos, de Daniel Mason

O piano tem sido um dos instrumentos musicais mais focados, mais descritos e mais amados da história da literatura clip_image002ou até do cinema. Versátil e multi-facetado, tanto pode transmitir a dor e o sofrimento, como pode “Falar” de sentimentos como a raiva, a alegria, a sensualidade e a paixão. Na música clássica, transporta-nos para as grandes casas senhoriais, as tertúlias e as grandes orquestras. E espalha-se como um perfume requintado e eterno. Nos filmes de cowboys e índios, há sempre um “saloon”, onde um homem, obscurecido pelo fumo dos cachimbos e dos cigarros, toca mais para si do que para os outros. No mundo do jazz, o piano é sinónimo de rebeldia, sensualidade, brincadeira de sons e euforia.

Mas neste primeiro romance de Daniel Mason, o piano é o símbolo de uma possível paz entre duas nações. Edgar Drake, o herói da nossa história, recebe a proposta mais estranha que alguma vez recebeu: deixar a mulher, os filhos e toda a sua vida feliz em Londres, para viajar até ao longínquo país da Birmânia, onde um piano raríssimo e belíssimo aguarda a sua chegada para ser afinado. Porque a profissão de Edgar é exactamente essa: ressuscitar pianos moribundos.

Este belíssimo instrumento pertence a um major médico chamado Carroll, um homem extremamente culto, carismático e excêntrico. Excêntrico, porque a sua vida está cheia de aventuras incríveis, tão incríveis que estas já viraram lendas para quem o conheceu pessoalmente. Mais ainda, Anthony Carroll acredita que pode acabar a guerra entre os ingleses e os birmaneses… Através da poesia, medicina e música. E parece que está a conseguir…

Esta tem sido uma obra muito polémica, precisamente porque não é de leitura fácil. O escritor teve o cuidado de criar um “ritmo de vida” semelhante ao do século XIX, adequado a um afinador de pianos que anota e descreve tudo o que viu e sentiu durante a sua longa viagem à Birmânia, e a sua estadia neste estranho país exótico. Convenhamos que o ritmo selvagem de um século XXI pouco ou nada tem a ver com o mundo já extinto de há dois séculos atrás. Por último, o fim deste romance tem causado as reacções mais adversas: alguns leitores sentiram-se decepcionados, outros acharam o desfecho da história estranho, outros adoraram as últimas linhas…

Seja como for, este é um livro que não vai deixar ninguém indiferente!

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