segunda-feira, março 30, 2009

De Onde É Que Vem A Expressão…

clip_image002Não Dizer/Perceber Patavina

Esta palavra é tão comum, que até o meu próprio computador Toshiba não a identifica como um erro. E, no entanto, “patavina” não é um vocábulo português, mas sim, italiano. Ora, por que motivo uma palavra destas aparece no nosso vocabulário?

Pádua, uma cidade italiana lindíssima, era conhecida no antigo Império Romano por Patavium. Os cidadãos naturais dessa bela terra eram chamados (adivinhem lá…) patavinos. A população de Pádua tinha e tem o que nós chamamos um dialecto, ou seja, uma versão popular, regional e muito adulterada de uma língua, tão adulterada que quase chega a ser uma nova língua (o mirandês e o barranquenho são dois exemplos típicos de dialectos em Portugal). Na verdade, Itália está carregada de dialectos: o napolitano, o siciliano, o romano, o gaetano, o toscano, o lombardo, o milanês, etc. Já agora, a título de curiosidade, quando dizemos “eu falo/não falo italiano”, o que queremos na verdade dizer é “eu falo/não falo toscano”, o falar das gentes de Florença. Este dialecto foi elevado à categoria de “língua oficial”, graças ao génio incomparável de um escritor florentino, Dante Alighieri, o autor da esplendorosa obra “A Divina Comédia”.

Mas voltemos ao que interessa: Pádua foi a terra natal de um dos maiores escritores italianos de sempre, Tito Lívio. Os seus documentos históricos ainda são tidos como muito fiéis às verdades da História e estão extraordinariamente bem escritos. O problema é percebê-los: Tito escrevia no dialecto de Pádua, o que quer dizer que quem não entendesse o falar destas gentes, não perceberia…Patavina do que tinha lido. Aliás, diz-se que a sua obra Décadas está minada de “patavinitas”, ou seja, palavras ou construções frásicas típicas das gentes de Pádua.

Há também duas outras explicações possíveis: os intelectuais têm tendência para desprezar os “rústicos do campo” ou as sabedorias das terras de interior. Esse desprezo pode muito bem ter tido consequência na adulteração do significado da palavra. Por outro lado, Pádua, no século XIII, rivalizava fortemente com Bolonha, uma vez que ambas as cidades possuíam duas fabulosas faculdades. Ora, nenhum estudante que quisesse ser juiz poderia ignorar a sabedoria da ciência jurista de Pádua. O que era o mesmo que ser um idiota que não percebe nada da matéria, ou seja, patavina…

Foto retirada de:

http://www.sebodomessias.com.br/sebo/(S(t1utqsuwka4gly55oylhvl55))/detalheproduto.aspx?idItem=6118

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