Ainda no rescaldo do Dia Internacional da Mulher, apresentamos uma obra biográfica que ainda hoje nos demonstra, com toda a sua honestidade crua, a condição de vida de muitos milhões de mulheres.
Todos nós já sabemos que ser um membro do sexo feminino não é nada fácil, mesmo nos países mais “progressistas” e mais “modernos”. As estatísticas comprovam-no: mais de metade das mulheres no mundo ocidental, possuem salários menores do que os dos seus colegas masculinos, mesmo que estejam a fazer exactamente a mesma coisa que eles; elas têm quatro ou cinco mais possibilidades de serem despedidas do que eles; são quatro vezes mais vítimas de violência física ou psicológica do que os homens; por fim, a pobreza na terceira idade dispara entre os membros do sexo feminino, devido ao facto de, ao longo da vida, terem tido sempre acesso a salários bastante menores do que os dos homens.
Mesmo assim, até podemos dizer que a vida das portuguesas é um paraíso, comparada com a de muitas outras, espalhadas pelos quatro cantos do planeta. Um dos rituais mais bárbaros e mais perigosos, consiste em submeter uma adolescente a uma mutilação aos órgãos genitais, de nome excisão. A história de Khady é um exemplo de vida para todos nós. Esta senhora passou por tudo: vinda do Senegal, escapou da fome; foi submetida contra a vontade à operação da excisão; teve que sofrer a tirania das tradições muçulmanas contra as mulheres; sofreu também a tirania das próprias mulheres; escapou do marido, ao refugiar-se num apartamento só para ela; escapou da chantagem emocional da própria família; escapou do fantasma da poligamia; conseguiu, à custa de muito esforço e empenho, o divórcio; tentaram raptar-lhe os filhos para o Senegal…
Por isso, da próxima vez que nos queixarmos do quanto somos infelizes e incompreendidos, o melhor mesmo é observarmos esta mulher e a força que, sozinha, conseguiu encontrar.
Mesmo quando o mundo inteiro estava contra ela.
Para saberes mais o que é a excisão: http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Mutilacao_Genital_Feminina.htm
Sem comentários:
Enviar um comentário