O tabaco, como toda a gente sabe, é um veneno terrível, e todos deviam evitá-lo pura e simplesmente. Por isso mesmo, há cerca de dois anos, criou-se a polémica lei de proibir o seu consumo em espaços fechados, considerados “públicos”. E após muito barafustar, muito grito, muito choro e ranger de dentes, o Português actualmente já estranha entrar num restaurante onde haja alguém a usufruir deste vício. Até os fumadores. No fim das contas, ficámos todos a ganhar.
Mas há quem chegue a extremismos: nos Estados Unidos da América, uma pessoa pode ser processada pelo vizinho do lado, por se atrever a fumar na sua própria casa! E, para cúmulo dos cúmulos, o governo da Califórnia pretende proibir o tabaco em todo o Estado desta parte dos EUA. Ora, como toda a gente também sabe, estas políticas histéricas acabam por gerar consequências exactamente opostas àquilo que se deseja. O fruto proibido passa a ser mesmo apetecível e o seu consumo tende a disparar, em vez de diminuir. Tome-se o exemplo histórico da Lei Seca, criada também nos Estados Unidos da América no início dos anos 20 do século passado, e que consistiu numa tentativa mais que falhada de acabar com a “maldição” do álcool nesta nação. O único que se conseguiu foi uma guerra violentíssima entre gangs do álcool, gerando um clima de terror absoluto. Estranhamente, ao mesmo tempo os Americanos sentiam um fascínio mórbido por estes vilões, que se vestiam bem, eram donos de cidades inteiras, desafiavam os presidentes, a polícia e até Deus, se fosse necessário. Al Capone (segunda imagem) foi um destes “grandes” e lendários carrascos das ruas, e as execuções e rixas nestes espaços públicos eram o pão nosso de cada dia. E se um inocente fosse morto a rajadas de balas, tanto pior. Ao mesmo tempo, bares clandestinos proliferavam, para alegria destes criminosos, que enriqueciam à margem da lei.
A Lei Seca foi um verdadeiro fracasso e terminou sem qualquer glória ou honra no ano de 1933. Se os Californianos forem para a frente com esta nova histeria colectiva, iremos assistir ao retorno do glamour do cigarro. Fumar voltará a ser um sinal de prestígio, de rebeldia, e quem consumir tabaco será chic e moderno.
Sejamos, no entanto, optimistas: sempre será melhor do que as metanfetaminas, a Heroína, o binge drinking, a Cocaína e o Crack. É que as terras do Tio Sam enfrentam, actualmente, uma verdadeira praga de drogas ainda mais letais e viciantes, que vieram substituir o consumo do tabaco e preencher um vazio que ficou por resolver. Longe de educarem as populações, limitaram-se a sujar a honra dos fumadores e insultá-los nas ruas. O cigarro foi-se, mas o vazio continuou. E este está a ser “tapado” com vícios ainda mais sinistros e doentios.
Que os Estados Unidos da América nos sirvam de lição: não é pela repressão que se mudam as coisas. Tentemos, em vez disso, educar os nossos jovens a serem mais responsáveis, mais felizes e mais independentes.
Quem acredita em si mesmo não consome qualquer droga.
Imagens retiradas de:
http://www.bookhills.com/Al-Capone-and-His-Gang-Famous-Dead-People-0439211247.htm
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