Coleção Poirot, Agatha Christie
Já mencionámos no post anterior que 2020 é o ano em que celebramos os 100 anos da criação da personagem Hercule Poirot, um dos detectives mais famosos da história da literatura policial. Mais famoso do que ele, só Sherlock Holmes.
A inspiração para esta personagem tem como origem a própria
vida de Agatha Christie: durante a I Guerra Mundial, trabalhou como enfermeira
voluntária na Cruz Vermelha, e era bastante comum os médicos pedirem-lhe para
ir à dispensa dos remédios buscar este antídoto, este remédio, este comprimido,
etc. Foi por acidente que ela esbarrou com uma secção de venenos, bastante
volumosa, diga-se de passagem. Como é que se permitia uma coisa destas no
início do século passado, é algo que hoje nos ultrapassa: comprar arsénico nas
drogarias/farmácias era tão comum (supostamente era para matar ratos) que a sua
venda teve que ser proibida por lei, tal era o número de assassinatos à base
deste veneno. Mas sim, estes produtos mortíferos eram super comuns nas casas de
todo o cidadão inglês. Foi a partir deste momento que Agatha Christie criou um
enorme fascínio pela Toxinologia (ramo científico que estuda os venenos) e, se
nos lembramos que esta escritora papou todas as histórias de Sherlock Holmes
durante a sua infância, não demorou muito para começar a escrever os seus
próprios enredos.
Precisava de um detetive para solucionar os seus crimes
inventados. Como seria? Homem ou mulher? Alto ou baixo? Inglês ou estrangeiro?
A sua experiência de enfermeira ofereceu-lhe, mais uma vez, a solução: na
cidade em que ela morava, quase mesmo ao pé da casa dela, foi aceite uma
colónia de refugiados belgas e – reza a lenda – um deles era um homem
pequenino, careca, com um bigodinho de cera e passinhos rápidos. Agora que ela
já tinha um rosto para o seu detetive, só faltava o nome. Como Agatha Christie
queria que a sua personagem fosse grandiosa – mas também vaidosa – escolheu o
nome Hercule Poirot. Sonante e grandioso.
Por mais filmes ou séries que sejam criados – mais fiéis ou
menos fiéis aos livros – as obras literárias nunca passarão de moda. No século
XXX d. C., continuaremos a ler as aventuras de Poirot, sabe-se lá em que formato,
digital, holográfico ou simplesmente papel. Mas Poirot será sempre Poirot.
Poderá viajar numa nave espacial. Mas será sempre o nosso
Poirot.
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