terça-feira, junho 08, 2010

Livro Da Semana

 

Apenas Um Olhar, de Harlan Coben

clip_image002 Há qualquer coisa de fascinante nas fotos antigas. Quem é que, não tendo vasculhado nas gavetas do armário da nossa avó, não se deparou com rostos centenários e desconhecidos e, curioso/a, não fez a seguinte pergunta “Oh, avó, quem foi este/a senhor/a?”. As fotografias são mágicas precisamente porque são testemunhos de eventos e de pessoas, fantasmas vindos de tempos remotos, que a história com “H” grande não se dá à maçada de registar, porque a história de um único simples ser humano “comum” não marca a Humanidade.

Outras vezes, são imagens que nos desencadeiam recordações amargas ou felizes. Sabemos que, naquela determinada festa, apesar do sorriso rasgado, estávamos com uma enorme dor de cabeça ou tínhamos acabado tudo com o nosso parceiro ou estávamos preocupados com a hipótese de não termos média suficiente para entrarmos na faculdade. Sabemos que, naquela determinada fotografia, o dia tinha sido especialmente feliz ou não. Aquele simples papel já pardo, com as cores a desaparecer, guarda muito mais segredos do que os sorrisos tendem a esconder ou a espelhar.

As fotografias sempre causaram fascínio, magia e também terror: durante um certo tempo, era costume as gentes pensarem que um instante passado para um papel era um acto mágico. “Roubarmos” a cara e o momento de alguém era o mesmo que roubarmos um bocadinho da alma daquele que estava a ser fotografado. Por isso mesmo, em tempos de desespero e de grandes epidemias, proliferaram os chamados “Livros dos Mortos”: pessoas que, vítimas de uma grande calamidade, eram fotografadas nos seus melhores vestidos, como se estivessem a dormir tranquilamente numa cadeira ou na cama. Quem já viu o filme Os Outros sabe do que é que eu estou a falar.

Mas que diríamos nós se, no meio de uma série de fotografias reveladas durante as férias, uma delas fosse antiga e muito, muito estranha? Foi precisamente isso que aconteceu com a personagem principal deste livro: Numa pacífica cidade suburbana, Grace, mãe de dois filhos e pintora, manda revelar uma série de fotografias que tirou durante as férias. Inexplicavelmente misturada com as outras, encontra uma fotografia a cores com cerca de vinte anos, já um pouco esbatida pelo tempo, onde figuram cinco pessoas. Uma delas, uma mulher, tem o rosto marcado por dois traços em cruz. Um dos homens é extraordinariamente parecido com o marido de Grace. Embora este negue ser o jovem da fotografia, nessa mesma noite sai de casa e desaparece.

Não vamos contar absolutamente nada desta história. Harlan Coben é um verdadeiro mestre do género do Suspense. Este é daqueles livros que nós levamos até para o duche porque não o conseguimos largar. A leitura é compulsiva, viciante e prende o leitor da primeira à última página E se esta história começa de uma maneira surpreendente, o fim é ainda mais inesperado.

Este é um excelente romance para as férias de Verão, especialmente para aqueles dias em que toda a gente está fora, não há nada para fazer e nada nos parece motivar e alegrar.

Sem comentários: