-Mas o
que é que eu fiz? Nada. Só estou aqui a conversar com o teu primo escurinho.
Não sabia que tinhas disto na família.
E foi assim que
o primeiro dia na nova escola do Danny correu: com “bocas foleiras”,
professores espantados por verem a sua prima com um rapaz escurinho, gente que
não acreditava que ela tinha negros na família, colegas a dizerem “gracinhas” à
volta de cores de pele…
Na verdade,
toda esta história gira à volta de Nina, a prima do Danny. É ela quem conta na
primeira pessoa todas estas peripécias que se estão a desenrolar. E, no início,
ela nem achou piada nenhuma à mudança: estava tão feliz com o seu novo
computador e o seu quarto e de repente, vindo do nada, teve de ceder o seu
quarto para o Danny, que sofre de asma e vai morar na sua casa, para estar mais
perto da nova escola. Mais um pequenino
pormenor: Daniel é mestiço, e tal característica física irá trazer muitas zangas
e conflitos à nossa personagem principal. No entanto, até a própria Nina vai
ter de enfrentar os seus próprios preconceitos. É que o paternalismo nada mais
é do que um racismo escondido e educado…
Escrito em
2002, este livro continua a ser bastante atual, 20 anos depois. Sim, é verdade
que a loucura agora já não é os desktops, é os smartphones. E, no entanto, a
mentalidade continua a ser quase a mesma. Sim, é verdade que as pessoas já
começam a ter consciência de certas palavras e ações, mas a mentalidade
continua a ser quase a mesma. Sim, é verdade que os emigrantes já não são quase
todos da África, muitos até já começam a vir da Ásia e até da Europa… mas a
mentalidade continua a ser quase a mesma. Por isso mesmo, esta obra, uma
geração depois, continua a ser bastante atual. E, por isso mesmo, continuamos a
aconselhar a sua leitura.
Afinal, a
mochila cultural veio para ficar.
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