Não há nada
a fazer: Afonso Cruz está na moda. Só a nossa biblioteca dispõe de vários
títulos, entre eles o famoso Os livros que devoraram o meu pai, já muito
molinho e cheio de rugas, sinal de que esta obra tem sido lida por muitos.
Desta vez, O pintor debaixo do lava-loiças começou a fazer sensação por
causa do Plano Nacional de Leitura, mas também é necessário referir que esta
obra possui um título bastante apelativo e misterioso, capaz de cativar a
curiosidade dos alunos.
Afonso Cruz
é um escritor de uma imaginação prodigiosa, como já há muito tempo não víamos.
O último grande mestre das narrativas cativantes foi José Saramago, um escritor
que nunca contava a mesma história duas vezes. Mas, pelos vistos, Afonso Cruz
parece seguir o mesmo caminho: desta vez já não estamos a falar de um filho que
anda à procura de um pai perdido num oceano de palavras, agora estamos a falar
de um episódio real, ligado ao passado do autor e, obviamente, reinventado: Esta
é a história, baseada num episódio real (passado com os avós do autor), de um
pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX, no império Austro- Húngaro,
que emigrou para os EUA e voltou a Bratislava e que, por causa do nazismo, teve
de fugir para debaixo de um lava-loiças. Pelo meio, conhecemos o Livro dos
Olhos Acesos e, mais tarde, O Livro dos Olhos Fechados; conhecemos o seu
imaginário, os seus amigos, o grande amor da sua vida, uma máquina de fazer
areia, um crocodilo voador, uma empregada D.
Rosa que tem medo de um pintor escondido na cozinha de uma casa de um
país que vive numa ditadura. Aliás, o capítulo Uma ponte entre dois
fracassos foca precisamente o contraste entre um mundo em guerra e um país
ilusoriamente feliz, eternamente fatalista, apesar do imenso sol que ilumina os
portugueses.
Este livro
consegue surpreender-nos sempre e não o conseguimos largar. É também um livro ligado ao mundo: um
eslovaco austro-húngaro perdido na Alemanha, em fuga para Portugal, com desejos
de viver nos Estados Unidos da América. Por isso mesmo, esta é uma obra excelente
para inaugurarmos a nossa mochila cultural!
Como diz o
livro – e muito bem! – A criatividade é o maior crime que existe.
Citação
retirada de:
https://www.wook.pt/livro/o-pintor-debaixo-do-lava-loicas-afonso-cruz/10952310
Sem comentários:
Enviar um comentário