Supostamente
este manuscrito existe. Supostamente foi encontrado no Egito, juntamente com o
famoso espólio de Nag Hammadi, descoberto em 1948. Supostamente um tal de Sir
Walter Wilkinson encontrou-o e traduziu-o. Porém, quase tudo é uma ilusão de
artista.
Sim, o
espólio de Nag Hammadi é verdadeiro e criou sensação em 1948. Sim, é verdade
que existiu um tal de Walter Wilkinson, mas este era um escritor, era botânico
e era um apaixonado pela arte das marionetas. No entanto, tudo o resto foi
inventado. E não, Paulo Coelho não está a mentir, esta é uma estratégia
literária inventada pelos românticos, há quase 300 anos, com o objetivo de
tornar uma história mais verosímil, mais realista, mais verdadeira. O escritor
italiano Umberto Eco utilizou exatamente o mesmo truque na sua obra-prima O
nome da Rosa. E Paulo Coelho fez exatamente o mesmo: com base em factos
reais, criou um lindíssimo texto filosófico que poderia ter sido escrito e dito
no século XI.
A sinopse é
simples: Jerusalém está prestes a ser invadida – para não variar – desta vez pelo
exército dos Cruzados. Um filósofo conhecido pelo nome “Copta” convoca a
população desta cidade - cristãos, judeus e muçulmanos – para ouvirem algo
muito importante que ele tem a dizer. Todos esperam um apelo às armas e à guerra
e, no entanto, o que acontece é exatamente o contrário. Este filósofo não pede
a guerra, pede a paz. E é precisamente este discurso na praça pública que
chegou até nós…
No ano de
2022, às portas de uma III Guerra Mundial, vale a pena ler um livro destes? As
mensagens são, sem dúvida, conflituosas: devemos aceitar o presente ou temos
que lutar contra ele? Queremos a rendição da Ucrânia ou queremos passar fome?
E, já agora, que poder é que NÓS, o povo, temos para mudarmos o mundo? Estas
são as questões que nos surgem quando estamos a ler esta obra de Paulo Coelho.
E isto demonstra até que ponto este livro é atual.
Porque os
livros que nos fazem pensar e questionar são SEMPRE atuais.
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