terça-feira, novembro 17, 2020

Livro da Semana – A rapariga de Auschwitz, Eva Schloss

 


Imagine que, um dia, alguém bate à sua porta e você e toda a sua família são levados para um vagão. Separam os parentes, cortam-vos o cabelo, tatuam um número no vosso braço (como se fossem gado) e, a partir daí, são mão-de-obra escrava, usada para todo o tipo de experimentos e trabalhos forçados. Ninguém vos salvará, ninguém irá buscar-vos, nenhum tribunal quererá saber de vocês.

Ficção Científica? Pois bem, isto é o que os prisioneiros sentiram, quando foram levados para campos de concentração e campos de extermínio alemães, durante a ditadura Nazi. E os poucos que sobreviveram lá arranjaram coragem para contar ou escrever a sua horrífica história. E este passado é tão terrível que, 75 anos depois, ainda hoje se encontram artefactos, diários, cartas, testemunhos, fotografias associadas a estes dias negros.

Um destes sobreviventes foi a irmã de Anne Frank, Eva Schloss. Ao contrário da primeira, conseguiu sobreviver a Auschwitz. Não escreveu nenhum livro antes da captura. Foi só depois de escapar à morte. E a sua dor e humilhação é de tal forma sórdida que nos escapa à compreensão. Por mais que tentemos, não sabemos o que é sofrer tais horrores. O máximo que podemos fazer é sermos solidários e nunca permitir que a memória do Holocausto se desvaneça.

Mais do que uma testemunha do Horror, é também uma testemunha do quão difícil é voltar à “normalidade”: interessar-se por pequenas coisas, voltar a confiar, voltar a amar a vida, acreditar no recomeço e, sobretudo, voltar a confiar na espécie humana. Depois de tudo o que se passou, era de se esperar que Eva Schloss fosse uma mulher amarga e vingativa. Em vez disso, aprendeu a “reviver”, se é se tal coisa possa vir a ser possível.

Chocante mas emotivo, eis mais um livro que bem pode pertencer à categoria “Voz Humana”.


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