sexta-feira, novembro 08, 2024

E vão três.

 



Por ser novembro 
Os campos estendem-me
O tapete de esperança 
Que haviam guardado
No armazém 
Da memória 

Por ser novembro 
Volto a ver alguns frutos
Como quem reve 
Velhos amigos 

Por ser novembro 
Todos os insectos perturbam
A imobilidade dos corpos
Exigindo atenção imediata

Por ser novembro 
O vento é uma criança 
Que arranca folhas das árvores 
Como páginas de um livro 
Nunca lido

Por ser novembro 
Os dias são mais curtos 
Alongando
A memória 

Por ser novembro 
Abrimos repetidamente 
As portas do roupeiro 
Para nos certificarmos
De que 
Continuamos por lá 

Porque já é novembro 
As chaminés desprezadas 
Recomeçam a fumegar

Apenas por ser novembro 
O céu aproxima-se da terra
Chegará em dezembro
Pelo Natal 

Talvez por ser novembro 
Os corpos dormem 
Mais próximo

Enfim
Novembro 
Quem me dera 
Setembro 
C.A., 8-11-2024

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