Por ser novembro
Os campos estendem-me
O tapete de esperança
Que haviam guardado
No armazém
Da memória
Por ser novembro
Volto a ver alguns frutos
Como quem reve
Velhos amigos
Por ser novembro
Todos os insectos perturbam
A imobilidade dos corpos
Exigindo atenção imediata
Por ser novembro
O vento é uma criança
Que arranca folhas das árvores
Como páginas de um livro
Nunca lido
Por ser novembro
Os dias são mais curtos
Alongando
A memória
Por ser novembro
Abrimos repetidamente
As portas do roupeiro
Para nos certificarmos
De que
Continuamos por lá
Porque já é novembro
As chaminés desprezadas
Recomeçam a fumegar
Apenas por ser novembro
O céu aproxima-se da terra
Chegará em dezembro
Pelo Natal
Talvez por ser novembro
Os corpos dormem
Mais próximo
Enfim
Novembro
Quem me dera
Setembro
C.A., 8-11-2024
Sem comentários:
Enviar um comentário