segunda-feira, novembro 11, 2019

Foi há 30 anos que o Muro de Berlim caiu


Imagem retirada daqui

 O que é feito dele, perguntam os mais velhos? Existe ainda alguma memória física desse muro que separou a Alemanha em duas partes? Sim, ainda existem alguns fragmentos que sobraram (podem encontrar uma lista dos lugares para visitar aqui. Podem ser ainda vistos em determinados lugares e museus, como, por exemplo, em Mauerpark (segunda foto) ou em galerias de arte como a Eastside Gallery. Mas, mais do que isso, pouco sobrou: não só os berlinenses estavam fartos deste símbolo de opressão e separação, como aquele espaço – antes, a “terra de ninguém” – era um desperdício de terreno para necessidades mais práticas: hotéis, bancos, casas, jardins, estradas, etc. Assim, lentamente, a longa “cortina de ferro” foi sendo desmantelada.
O que é pena: hoje, são cada vez menos os jovens alemães que sabem que existiu um muro, um muro que separou a capital do seu país em duas partes. É o preço que se paga, quando se desmantela a História e não se deixa testemunho físico para futuras gerações refletirem. Infelizmente, o Ser Humano está condenado a um longo e eterno esquecimento de si mesmo…
No entanto – e olhando para trás – é caso para nós nos perguntarmos como é que as coisas chegaram a este ponto, como é que uma parte inteira da Alemanha se barricou numa ilha quase intransponível. A explicação é tristemente simples e bizarra: após a derrota da Alemanha, na Segunda Guerra Mundial (1945), os países vencedores e aliados dividiram esta nação em quatro partes, como se esta região do mundo fosse um bolo de casamento. A parte do Leste da Alemanha passaria a ser propriedade da União Soviética, e as restantes pertenceriam à França, Inglaterra e Estados Unidos da América. Como era típico dos Comunistas de então, a sua cultura altamente paranóica em relação ao Capitalismo e Fascismo levou-os a criar um muro que os protegesse das ideias “impuras” da Civilização Ocidental. E a bomba de Hiroxima também não ajudou nada: a destruição instantânea de 100.000 seres humanos por parte do exército dos EUA criou um clima de histeria mundial. E, tal como ninguém se deu ao trabalho de perguntar aos Alemães se eles queriam ver o seu país cortado aos bocados, também ninguém lhes perguntou se eles queriam esta parede isolacionista. Assim, o exército vermelho cumpriu o seu plano e parte de Berlim desapareceu na névoa do Estalinismo. Durante 28 anos, famílias foram separadas e amigos deixaram de poder falar uns com os outros, até que 1989 chegou e a União Soviética ruiu de vez.
Imagem retirada daqui
O que destruiu a União Soviética? Originalmente, as intenções eram boas: casa para todos, saúde para todos, comida para todos. E o sistema de Ensino era, no geral, bom: a multidão que fugia destes regimes opressivos (alemães do leste e Russos, por exemplo) era composta por médicos, cientistas, artistas e trabalhadores altamente qualificados. Porém, o pavor do Capitalismo, uma oligarquia altamente corrupta e perdulária, o medo da liberdade de expressão e o ultraprotecionismo da economia local criaram um efeito de estagnação, ausência de novas ideias e pobreza geracional. A queda era inevitável.
O que aprendemos nós com o muro de Berlim? Nada. Uma vez que levamos a vida a ignorar o nosso passado, estamos sempre condenados a repeti-lo. Há novos muros neste planeta: em Israel, nos EUA, ainda na Coreia do Norte, e outros. No entanto, vamos ser sinceros: enquanto continuarmos a humilhar os nossos inimigos – não nos basta só ganhar! – e enquanto continuarmos a ser facilmente manipuláveis pelas redes sociais, corporações e outras instituições, os muros continuarão a fazer parte da paisagem deste planeta. A chave está no individualismo, no pensamento único e pessoal, na procura do conhecimento e da informação certa.
Mas isso dá trabalho.


1 comentário:

Sónia Costa disse...

Muito bem escrito e muito bem explicado. Tem tudo aquilo que uma pessoa precisa de saber sobre este período da História da Alemanha. Parabéns.