Junho
Os dias
Continuam a aumentar
E também
O meu amor por ti
Sem parar
O sol nasce em Lisboa
E mais cedo no Porto
Nada disto é a toa
Mesmo que pareça torto
Cavar
Semear
E estrumar
Os campos
Coisas que eu não sabia
O que sabe afinal
Quem sabe
De poesia
Na horta
No jardim
No pomar
Há tanto
Mas tanto
A fazer
E eu o que faço
Eu
Que só sei escrever
Nas adegas
Nas matas
Nos olivais
E até nos currais
Não se acaba o trabalho
E eu
Eu só atrapalho
As pessoas nascidas
Neste mês
São sociáveis
Alegres e amáveis
Mas também
Podem ser sérias
Pensativas
Indecisas
E imprecisas
Não sou deste mês
Mas também sou assim
Às vezes
Todos temos
Os nossos dias
E os nossos meses
Por agora
Vou terminar
E antes que se acabe junho
Vou ali ao mar
Dar um mergulho
C.A, 3-6-2025